Tudo que se sabe até agora sobre a tragédia aérea que matou mais de 60 pessoas em SP

Número de mortos foi atualizado para 62 e 26 corpos já foram resgatados.

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Foto: TV Globo
Foto: TV Globo

A companhia aérea Voepass confirmou, na manhã deste sábado (10), a 62ª morte na queda de avião em Vinhedo (SP), na sexta-feira (9). Trata-se de Constantino Thé Maia.

De acordo com a empresa, o nome de Constantino não estava na lista de passageiros embarcados por uma "questão técnica identificada pela companhia referente às validações de check-in, validação do embarque e contagem de passageiros embarcados".

"Em respeito à identidade do passageiro e de sua família, a VOEPASS decidiu confirmar a informação de que Constantino estava a bordo do voo 2283 somente quando não houvesse dúvidas", diz a nota da aérea.

Segundo a família, que já considerava a vítima desaparecida desde sexta-feira, Constantino tinha 50 anos, morava no Rio Grande do Norte e era representante comercial de várias empresas do ramo de construção civil.

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O avião caiu na tarde de sexta-feira em um condomínio residencial do bairro Capela, em Vinhedo. As 62 pessoas que estavam na aeronave morreram - foi o maior desastre aéreo do país em número de vítimas desde 2007.

Resgate

Até o momento, 26 corpos foram retirados dos escombros. Eles foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo, onde serão identificados.

A perícia realizada durante a madrugada foi feita pelo gabinete de crise montado no local do acidente é formado pelas polícias Federal, Militar, Civil, Científica, além de Cenipa, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e representantes da companhia aérea Voepass. Um scanner 3D utilizado pela Polícia Federal é uma tecnologia moderna que acelera a localização dos corpos.

Porta-voz do Corpo de Bombeiros, Maycon Cristo detalhou como foi feito o trabalho. Primeiro, foi realizada uma perícia na parte externa da aeronave e, posteriormente, iniciou-se um trabalho "mais meticuloso" de recorte do avião para a retirada de partes que estão em locais de difícil acesso.

"A gente considera um documento, aparelho celular, posicionamento na aeronave, tudo isso para colaborar para a identificação. Considerando toda essa coleta de evidências, aí a gente retira o corpo, coloca no carro e leva para o IML de São Paulo para concluir a identificação", explicou.

Hipóteses

Especialistas em segurança de voo avaliam que a formação de gelo sobre as asas pode ser uma das hipóteses a ser investigada no acidente com o avião turboélice da Voepass que caiu em Vinhedo (SP). Inicialmente, a companhia aérea noticiou que 61 pessoas tinham morrido após a queda do avião. Na manhã de sábado (10), o número de mortes subiu para 62.

Todos os especialistas ouvidos pela reportagem são unânimes em afirmar que não existe um fator único que cause um acidente e que ainda é prematuro tirar conclusões a partir dos vídeos ou das informações divulgadas.

Os primeiros relatos de que havia condições para formação severa de gelo na rota do voo circularam em mensagens de áudio nas redes sociais, e elas foram atribuídas a pilotos. Além das mensagens, um comandante que voou na região confirmou, em entrevista ao jornalista Rodrigo Bocardi, que as condições meteorológicas eram de formação severa de gelo e vento.

Entretanto, as condições severas não configuram um impedimento para a operação das aeronaves. O avião turboélice modelo ATR-72-500 opera em altitude na qual é comum a formação de gelo, mas possui equipamentos para evitar que o acúmulo da água congelada afete a capacidade de sustentação.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou que não houve comunicado de emergência dos pilotos para os órgãos de controle.

Possível impacto do gelo no voo

Em entrevista à GloboNews, o especialista em segurança aérea e mecânico de aviação Lito Souza lembra que, embora a possibilidade tenha sido apontada por causa do relato de outros pilotos que voaram em rotas pelo interior de São Paulo, a aeronave tinha equipamentos para evitar o acúmulo de gelo.

Caso houvesse a formação de gelo nas asas por falha na operação ou no funcionamento, os cristais de gelo iriam se acumular sobre as asas e afetar a capacidade de voo.

"O ar começa a turbilhonar e o coeficiente de sustentação da asa diminui. Esse é o perigo", explica o especialista.

"Esse avião possui caixas pretas tanto de voz quanto de dados do voo, então vai aparecer claramente se o gelo foi um fator, vamos ter essa informação nas caixas pretas de temperatura do ar externo. Vai se chegar à raiz dos problemas que levaram a esse acidente"

O engenheiro aeronáutico e professor de transporte aéreo da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), Geraldo Portela, afirma que ainda é cedo para identificar a causa do acidente, mas que a formação de gelo pode provocar queda de aeronaves.

"A asa tem um perfil aerodinâmico e o acúmulo de gelo lá no ponto de ataque, geralmente, na frente da asa pode fazer com que esse avião perca as características aerodinâmicas que ele tem e torná-lo mais difícil de voar. Portanto, se ele estiver em velocidade mais baixa, pode ser que ele caia. Agora, o que que levou isso daqui?", disse Portela.


Fonte: G1

Fonte:

G1

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