Tragédia: raio mata pecuarista e pelo menos 30 animais no Paraná

Homem tratava dos animais quando uma descarga elétrica atingiu sua propriedade.

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Tragédia: raio mata pecuarista e pelo menos 30 animais no Paraná

A queda de um raio provocou uma tragédia em uma pequena propriedade rural na cidade de Loanda, no noroeste do Paraná. O acidente ocorreu na manhã desta quinta-feira, 13, quando apenas garoava e uma descarga elétrica atingiu e matou o pecuarista José Adilson Nogueira dos Santos, de 47 anos, e pelo menos 30 cabeças de gado.

Segundo o Hospital Santa Catarina, o pecuarista chegou ao hospital por volta das 9h30 praticamente sem vida. A equipe médica tentou fazer manobras de ressuscitação, mas o homem não resistiu. A suspeita é de que ele estivesse ao celular no momento do acidente.

Segundo o veterinário Thiago Escobro, em entrevista ao Canal Rural em 2018, em campo aberto é difícil prevenir contra raios, já que os animais se aglomeram para tentar se proteger na propriedade, mas existem algumas alternativas.  

“Aterramento de cercas e interrupções a cada quilômetro é uma maneira de prevenir isso. Instalar um sistema de pára-raio também é uma alternativa”, diz Escobro.

A Defesa Civil orienta a retirar as moitas do pasto onde os animais costumam se abrigar dos temporais e passam a ser alvo fácil dos raios. Manter os animais em regiões mais baixas e longe de rede elétrica também são recomendações úteis.

Já o chefe do departamento de engenharia elétrica e professor da Universidade Federal de Minas Gerais José Osvaldo Saldanha Paulino, em entrevista dada ao Programa Giro do Boi também em 2018, disse que não há solução que garanta 100% de proteção contra o fenômeno natural. “No caso rural, existe a questão de uma cultura de que não se tenha um sistema de proteção para as fazendas. O pessoal se preocupa muitas vezes com a sede, onde você tem pessoas, mas a propriedade rural é muito extensa e os animais ficam espalhados”, advertiu o engenheiro elétrico, recomendado um sistema de proteção que abranja toda a fazenda.

O especialista também reforçou que árvores isoladas em uma pastagem são um ponto preferencial para a queda dos raios por conta da altura elevada na área geralmente descampada. “Toda vez que você tem um ponto alto, é preferencial para a queda de um raio. Aquela história que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar é mentira, ele cai em um ponto mais alto”, revelou.

“Se você tem um pasto do qual você tirou toda a vegetação elevada e ficou com uma árvore, ela vai ser um ponto preferencial para queda de raio. O interessante é que muitas vezes, durante uma chuva, os animais se dirigem exatamente para esta árvore. Então, se cai um raio, todos os animais em volta dela serão eletrocutados porque a descarga atmosférica cai na árvores, mas a corrente se espalha pelo chão e toda a região do entorno desta árvore fica perigosa, por isso vários animais morrem”, completou.

O profissional afirmou que nesses casos é possível até instalar um para-raios em árvores nestas condições, mas o mais comum é evitar o acesso dos animais em um raio de 10 a 20 metros do seu tronco. “Se tem uma árvore isolada, é muito importante que você evite o acesso dos animais perto dela. Tem fazendas que põem cerca em volta da área para que o animal não chegue”, exemplificou.

Além desta medida, Paulino disse que deixar pequenas regiões de mata também pode minimizar o risco da morte por descarga elétrica de raio. “Se eu não tenho nenhum ponto proeminente, nenhum ponto mais alto, uma árvore específica deixa de ser um ponto preferencial. Se uma pessoa está debaixo de uma pequena floresta, de um capão um pouco maior, ela está relativamente protegida, ou em uma situação muito melhor do que se estivesse debaixo de uma árvore isolada”, recomendou.

“Para as pessoas, o melhor, caso elas estejam em meio à queda de raios, é procurar um abrigo mesmo, uma construção, se possível de concreto, se possível que tenha para raio. Mas uma região que não tenha nenhuma ponta é uma região mais segura e isso vale para uma árvore, uma torre, um moinho, para qualquer objeto elevado”, acrescentou o professor, dizendo ainda que máquinas agrícolas com cabinas muito altas e mais abertas também oferecem riscos aos trabalhadores rurais.

Cercas

Paulino reforçou que as cercas podem ser elementos perigosos por conta de sua extensão e por serem compostas por fios metálicos, condições que favorecem a condução de energia. “Quando o raio cai em cima de uma árvore, ela fica perigosa em uma região de 10 a 20 metros no entorno de sua base. Mas quando um raio cai numa cerca, ele corre uma distância muito maior porque a cerca é composta por arames metálicos e a corrente vai andar pela fiação, às vezes 200 a 300 metros distante do ponto da queda e todo o gado que estiver ali perto pode tomar choque”, avisou.

Para minimizar eventuais acidentes, Paulino ensinou que a primeira técnica a ser usada é o aterramento, ou seja, criar caminhos para que a corrente que caiu no fio metálico da cerca vá para a terra. “A corrente do raio quer ir para a terra. Ela começa na nuvem e quer atingir a terra, não quer cair na cerca. Se eu criar caminhos para esta corrente ir pra terra, eu vou minimizar o risco. Com o aterramento, eu vou ligar os fios da cerca na terra para o raio ir embora”, afirmou em entrevista ao apresentador Mauro Sérgio Ortega.

Outra técnica a ser usada é o seccionamento. “Ao seccionar, eu vou tornar a cerca pequena. Ao invés de ter uma cerca com comprimento enorme em que o raio cai e energizar a cerca toda, se eu separo ela em vários pedaços, quando um raio cair, só aquele pedaço vai ser energizado, então eu estou minimizando a área perigosa”, observou. O professor comentou que, no entanto, ao contrário do seccionamento usado em cercas próximas a linhas de energia, o vão entre um palanque e outro deve ser maior para evitar a continuidade de uma descarga com a força de um raio. “Os fazendeiros fazem o seccionamento da cerca quando ela está perto da linha de energia para evitar que a indução dê choque, mas esse seccionamento não é suficiente para um raio”, avisou.

Por fim, o professor recomendou um olhar holístico para a proteção da propriedade como um todo e a contratação de um profissional que possa elaborar um projeto com tal finalidade.

Fonte:

Canal Rural

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