Secretário de Saúde de SC diz que piora na pandemia de Covid 'não é surpresa' e descarta novas restrições
Motta falou que as regras em vigor precisam ser cumpridas e acredita que o respeito a essas medidas é capaz de frear a contaminação.
O secretário de Estado de Saúde, André Motta Ribeiro, afirmou nesta quinta-feira (12) que o governo de Santa Catarina já esperava uma piora no quadro epidemiológico da pandemia de coronavírus, e disse também que “não há de se falar em restrições outras” no momento. As declarações foram feitas durante entrevista ao Bom Dia Santa Catarina, da NSC TV.
Nesta quarta (11), o novo mapa de risco do governo apontou um agravamento da pandemia de Covid-19. São quatro regiões em situação gravíssima e 12 em situação grave. A classificação é calculada a partir de fatores como transmissibilidade do vírus, leitos vagos e aumento de casos ativos de coronavírus em cada região.
Também nesta quarta, o Estado registrou o número mais alto de contaminados pela doença desde o início da pandemia. São 14.598 casos ativos.
— De fato, o mapa trouxe uma piora do cenário epidemiológico. Infelizmente, não é surpresa. Já havíamos alertado em algumas semanas atrás que os casos estavam aumentando, aquele momento falamos num aumento em torno aí de 30%. Percebemos agora que já dobramos o número de casos ativos em Santa Catarina. Isso se traduz então na piora do cenário, na ocupação maior de leitos de terapia intensiva, e é uma consequência de tudo o que está acontecendo — declarou André Motta Ribeiro.
Apesar de reconhecer uma piora no cenário, o secretário de Saúde declarou que o governo não estuda novas restrições além das que já estão estabelecidas. Motta voltou a falar que é necessário que as regras em vigor precisam ser cumpridas e disse acreditar que o respeito às medidas atuais é capaz de frear o avanço da nova onda de contágio no Estado.
— Não há de se falar nesse momento em restrições outras, até porque as atividades estão todas regradas. O que determina o quanto cada atividade pode exercer a sua função é justamente a matriz de risco. Nós precisamos de fato é entender que as regras precisam ser cumpridas. E elas fazem um efeito significado e importante. E esse é o nosso grande papel. É comunicar claramente a sociedade que as orientações precisam ser cumpridas, e não há de se falar nesse momento em fechamento, em lockdown, até porque já existe regras para todas as atividades — comentou.
Sobre a chegada da temporada, o secretário disse que há uma discussão para 'normatizar algo que ainda não foi normatizado'.
— O aporte das pessoas às praias me parece inevitável. O que a gente precisa fazer é regra, e as pessoas têm que entender o mínimo que tem que ser cumprido. Agora, preocupa. Nós estamos alinhados com os municípios na questão de fiscalização. Os órgãos de vigilância e segurança já estão orientados para que, de uma forma democrática, a gente consiga trazer um pouco de segurança para esses momentos, que são momentos críticos.
O secretário Motta Ribeiro também garantiu que a estrutura montada nos hospitais catarinenses para o atendimento de pacientes com Covid-19 será mantida, no mínimo, até o final deste ano. Ele afirmou que o governo atua junto ao Ministério da Saúde para que os recursos sejam garantidos. No entanto, segundo ele, caso isso não ocorra, o Estado terá condições de custear a manutenção da estrutura.
— Nós temos então recursos no fundo estadual e nos fundos municipais de saúde para custeio Covid, e esse recurso é suficiente para não imputar prejuízos às unidades hospitalares. Esse é o nosso ‘plano B’, como eu digo. O ‘plano A’ é continuar insistindo junto ao Ministério da Saúde que já é sensível à necessidade de habilitar todos os leitos até o final deste ano. Mesmo não habilitando, nós temos, sim, recursos para repassar (...) Os hospitais precisam manter a estrutura posta.
Ainda na entrevista, o secretário afirmou que é possível que a nova alta de casos de coronavírus em Santa Catarina não seja acompanhada de aumento de mortes em igual proporção, como ocorreu anteriormente. Ele comentou que as equipes de saúde “estão mais preparadas” agora e que espera que isso tenha um impacto.
— Nós estamos mais qualificados nesse enfrentamento. Mas eu preciso alertar que o primeiro momento é o aumento do número de casos. O número de óbitos tem um certo delay, esperamos que isso não aconteça, mas também já percebemos que há um aumento no número de óbitos e de casos graves no estado de Santa Catarina.
Ainda na entrevista, o secretário comentou as recentes decisões judiciais que têm impactado os encaminhamentos do governo para o retorno às aulas. Nesta terça (10), uma decisão judicial suspendeu as duas portarias do governo do estado, publicadas na sexta (6), sobre o retorno das atividades presenciais. As portarias autorizavam aulas presenciais para todas as escolas em regiões classificadas como grave para Covid-19 e liberavam as atividades também em unidades privadas, independentemente da classificação do risco.
— A gente precisa discutir isso, porque nós já havíamos proposto, também por determinação da governadora e do pessoal da educação. Lembrando que a educação fez um fórum de discussão para esses protocolos desde maio que envolveu milhares de pessoas, diversas instituições. Então tudo que foi proposto pelo estado tem um fundamento muito claro, então a gente precisa sim discutir, porque a decisão judicial atende interesses pontuais e não interesse geral da sociedade.
André Motta Ribeiro também foi questionado sobre a relação com a governadora inteira Daniela Reinehr (sem partido), que assumiu o cargo após o afastamento de Carlos Moisés (PSL). Motta integrava o governo de Moisés, e foi mantido à frente da pasta por Daniela. Ele disse que “há um alinhamento” entre o governo interino e os secretários, e disse que a governadora “tem uma característica bastante própria” e “é bem direta”.
— Lealdade e respeito ao cargo tem que ser a métrica de qualquer secretário em qualquer momento e dessa forma que estamos atuando. A governadora Daniela tem uma característica bastante própria, ela gosta de simplificar processos, ela é muito direta. Ela aumentou a linha de comunicação, teve tranquilidade para conversar com as instituições, isso é salutar. Manteve no estado de Santa Catarina as atividades que precisavam ser mantidas, e isso é importante. Há um alinhamento entre governo e secretariado e nós estamos aqui para servir o governo de Santa Catarina.