SC inicia conversas para atrair negócios da empresa Shein ao Estado
Plano da plataforma de moda é produzir 85% no Brasil.
Desde que o governo federal anunciou que estudava a tributação das vendas de marketplaces internacionais, a Shein passou a estudar nova estratégia do seu negócio para o Brasil e aos países das Américas.
O plano é investir R$ 750 milhões para concentrar no Brasil 85% da produção que atenderá o país e demais mercados americanos num prazo de três anos. Para isso, a Shein busca cerca de 2 mil empresas parcerias, principalmente de confecções e calçados. Prevê que esse movimento vai gerar cerca de 100 mil empregos entre diretos e indiretos.
Além de SC, a empresa conversa com o governo de São Paulo e também com grupos empresariais, entre os quais a Coteminas e a Tecidos Santanense. Essas duas já assinaram acordo com o grupo chinês.
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Em SC, participaram das reuniões a diretora de assuntos governamentais da Shein no Brasil, Ana Beatriz Almeida, e a head de Moda da empresa, Fabiana Merlino Magalhães. O secretário Edgard Usuy conhecia uma das executivas e iniciou contato antes de a empresa anunciar o plano de concentrar a produção de moda no Brasil.
"Iniciamos contatos institucionais para que a gente começasse conversas, a estabelecer um cronograma de atividades para o Estado levantar os dados que a empresa precisa para analisar o nosso mercado", afirmou o secretário.
O próximo passo será a assinatura de um memorando de entendimento entre o Estado e a empresa para seguir as conversas com o sigilo necessário em algumas etapas. O objetivo é dar apoio ao setor produtivo nessas parcerias, informando sobre alternativas de produção e logística, em especial nas áreas de portos e aeroportos.
Segundo Edgar Usuy, o modelo produtivo proposto pela empresa é complementar ao catarinense, que sedia um dos maiores polos desenvolvedores de moda do Brasil. A Shein busca parcerias com empresas que possam atuar com uma metodologia nova, que possibilita fazer com tecnologia, rapidez e qualidade.
"As executivas falaram que a Shein precisa de empresas que entendam o projeto para fazer acontecer porque as etapas de produção e de logística precisam ser muito bem calculadas, para que consigam velocidade de entrega. Assim, podem baratear custos e ter preço competitivo", explica Edgard Usuy.
A reunião na Fiesc foi com o empresário Giuliano Donini, presidente da Câmara da Indústria Têxtil e de Confecções (Câmara da Moda), e outros executivos. De acordo com o secretário de Planejamento, o setor produtivo catarinense entendeu que não se trata de uma grande empresa que chega para fazer concorrência com as já estabelecidas no Estado, mas uma empresa que vai agregar para a indústria local outras metodologias e maior volume produtivo.
As empresas parceiras da Shein poderão seguir com as suas atividades e acrescentar mais uma área para atender a chinesa, seguindo os métodos que ela vai trazer. As executivas, que já conhecem o parque fabril catarinense e fizeram algumas visitas anteriores, observaram que uma diferença é que, na China, algumas empresas são ultrafocadas. Tem quem só fabrica camisa branca. Assim, na hora de crescimento pontual de demanda, essas focadas conseguem atender mais rápido.
O diretor de Atração de Investimentos e Parcerias do governo de SC, Renato Lacerda, que atua junto à secretaria de Estado da Fazenda e também participou das reuniões, disse que uma das preocupações manifestadas pelas executivas é com a carga tributária brasileira. Mas nada foi tratado ainda sobre tributação em SC.
Segundo ele, as executivas também deixaram claro que as normas ESG, de preservação ambiental, responsabilidade social e governança são prioridades para a Shein. E para a adoção de novos processos produtivos, a expectativa é contar com apoio do Sistema Fiesc, por meio do Senai-SC. Mas isso ficou para ser tratado em uma nova oportunidade porque o presidente da federação, Mario Cezar de Aguiar e outros diretores estavam em viagem à Ásia.
Na reunião de sexta-feira, na sede do governo de SC, além de Edgard Usuy e Renato Lacerda, participaram também o secretário-adjunto da Fazenda, Augusto Piazza; o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcelo Fett; o secretário de Articulação Internacional, Juliano Froehner; o secretário-adjunto de Indústria, Comércio e Serviços, Jonianderson Menezes; e o executivo Rodrigo Prisco, que atua na área de atração de investimentos e parcerias.