RS de Luto - Morreu José Cláudio Machado

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Há seis meses na luta contra um enfisema pulmonar, o cantor e compositor nativista José Cláudio Machado morreu na tarde de segunda-feira no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, aos 63 anos. Vencedor da Calhandra de Ouro na 2ª edição da Califórnia da Canção Nativa, em 1972, tinha uma característica marcante, conforme o amigo de infância Enon Cardoso: "tinha o coração do tamanho do mundo".

— O Rio Grande perdeu um dos seus maiores ídolos. Era amigo de todos, não fazia mal a ninguém e sempre defendeu a amizade. Também muito dedicado à mulher (a arquiteta Mírian Quadros Machado) — disse Enon durante o velório do músico na Câmara de Vereadores de Guaíba. Considerado um dos grandes representantes da canção gauchesca, o tapense, nascido no dia 17 de novembro de 1948, foi motivado por familiares desde a infância a cultivar a tradição. Além da voz marcante, o artista, que se "notabilizou por cantar o cavalo", conforme o amigo Enon, também demonstrava o talento no manuseio da gaita: — O que poucas pessoas lembram é que antes mesmo de cantar o "Zé" era um grande gaiteiro. Ele foi um dos inspiradores do Borghetinho (Renato Borgheti) a tocar com a gaita de oito baixos. Inclusive foi ele quem deu a primeira gaita ao Borghetinho. A amizade entre Enon e José Cláudio rendeu ao cantor um quarto especial na casa do dono da Rádio Tapense. O cômodo era utilizado durante as visitas esporádicas à terra natal: — Eu mandei fazer um quarto no galpão só para ele. A gente brincava que quando outra pessoa me visitava tinha que ligar para o Zé e pedir autorização — relembra. Outro parceiro de Machado foi o compositor Mauro Moraes, o qual teve seus maiores sucessos cantados pelo tradicionalista. Em participação no 5º Relincho da Canção Nativa, no início de novembro, em Pantano Grande, Moraes cantou Milonga Abaixo de Mau Tempo — sucesso da música gauchesca —, dedicando-a à saúde do companheiro . Na ocasião, lembrou a doença de José Cláudio e foi aclamado pelo público ao homenageá-lo. Machado foi o grande vencedor da Califórnia da Canção Nativa em sua segunda edição, em 1972, época de ouro do grande festival de Uruguaiana que hoje é considerado patrimônio cultural do Rio Grande do Sul. A canção Pedro Guará, que lhe deu a Calhandra de Ouro, foi composta em parceria com Cláudio Boeira Garcia e se tornou uma das mais conhecidas de seu vasto repertório – ela deu título a um de seus álbuns mais conhecidos, gravado em 1990. O músico também ficou conhecido por interpretações como a de Pêlos, Milonga Abaixo de Mau Tempo e Campesino e pelas duas passagens pelo grupo Os Serranos, a última na segunda metade dos anos 1980, quando gravou o disco Isto É... Os Serranos. Machado também tocou com Os Tapes, Bebeto Alves, Luiz Marenco e Mauro Moraes e gravou 14 CDs, o último deles Os Melhores Sucessos de José Claudio Machado, de 2007. Foi um dos idealizadores do Parque da Harmonia, hoje identificado como reduto dos tradicionalistas sobretudo no período que antecede o 20 de setembro. – Aquilo ali era primeiro um aterro, nós íamos fazer churrasco, passar o dia, jogar bocha. Um dia saiu um acampamento. E, quando se viu, era um parque – declarou, em uma de suas últimas entrevistas. O enterro do corpo de José Cláudio Machado será às 11h desta terça-feira no Cemitério Municipal de Guaíba, onde viveu seus últimos anos. Assista Milonga Abaixo de Mau Tempo, de Mauro Moraes:

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