Queda da ponte Emílio Baumgart completa 29 anos
O Portal Éder Luiz exibe á partir de hoje uma série de artigos e reportagens sobre a histórica ponte Emílio Baumgart.
O Portal Éder Luiz.com exibe á partir de hoje uma série de artigos e reportagens sobre a histórica ponte Emílio Baumgart, construída entre os município de Joaçaba e Herval d´Oeste na década de 30. A ponte representou um marco na engenharia mundial pela técnica utilizada em sua construção, o concreto armado. Ela não resistiu a enchente de 1983 e caiu no dia 8 de julho daquele ano. Seus escombros estão até hoje no local em que imponente ficava, a maior parte dentro do Rio do Peixe.
Nesta primeira parte falaremos sobre a história do engenheiro Emílio Baumgart, que projetou a ponte, e sobre o início das obras. O material que será apresentado foi elaborado pelo pesquisador Marckson Theones Kielek, que também buscou um vasto material em fotos que será exibido.
Este é um resgate histórico dos municípios de Joaçaba e Herval e da região.
Quando nos referimos à construção em concreto, Emílio Henrique Baumgart pode ser considerado como sendo um dos “Pais” do concreto armado no Brasil, um dos maiores pioneiros da grande construção civil brasileira. Nascido em Blumenau, Santa Catarina, no dia 25 de julho de 1889, Emílio Baumgart era filho do comerciante Gustavo Baumgart (proprietário da casa comercial Kolonialwarengeschäft, que vendia praticamente de tudo, de tecidos para roupas íntimas a ferramentas) e de Matilde Odebrecht.
Emílio Odebrecht, na época engenheiro do Estado avô materno de Emílio H. Baumgart,foi um dos principais incentivadores na carreira do neto. “Este menino vai ser engenheiro como eu”! Dizia o avô com incomensurável orgulho do neto .
Emílio Odebrecht foi um dos responsáveis pela demarcação técnica (ou seja, realizou o trabalho de topografia) entre as fronteiras do Brasil, Argentina e Paraguai e a instalação das linhas de telégrafos nos postos de fronteiras.
Com o passar dos anos, Emílio Baumgart se destacava em seus estudos, concluindo o curso primário na cidade de Blumenau, no ano de 1905. Cinco anos depois, Emílio Baumgart estava sendo novamente diplomado na cidade de Florianópolis, desta vez com destaque, pois foi considerado o melhor aluno daquela instituição (Colégio Catarinense). Baumgart decidiu fazer vestibular na Escola Politécnica do Rio de Janeiro do ano de 1911. Para custear a Faculdade de Engenharia, Emílio começou a trabalhar como estagiário na Companhia Constructora em Cimento Armado. Nela, veio a planejar o que seria o seu primeiro projeto arquitetônico, a Ponte Sete de Setembro, que, mais tarde, recebeu a denominação de Ponte Maurício de Nassau, em Recife – Pernambuco, com 178 metros de extensão, sendo considerada a mais longa ponte do Brasil na data da sua inauguração.
No ano de 1915, Emílio Henrique Baumgart casou – se com a jovem Stella Matutina Boechat Riedlinger. Após algum tempo “afastado” do curso de engenharia, retorna aos estudos e, no ano de 1919, já com 31 anos, entra para o, na época restrito grupo de engenheiros formados. A partir dai, recomeçou com suas ideias, projetos, planos e muitos cálculos, que contribuíram para futuras construções no Brasil.
No ano de 1925, Emílio projetou e construiu, na cidade do Rio de Janeiro, o Cine Capitólio, o primeiro arranha-céu do Brasil. Em 1928, Emílio Baumgart estava à frente de outra grande obra da engenharia Mundial, o edifício do jornal “A Noite” - o maior edifício de concreto armado do mundo à época.
O Presidente Washington Luiz chega de trem até a Vila Herval e anuncia a construção da Ponte
Em 1929, uma comitiva dos governos estadual e federal percorria o interior catarinense. O objetivo era conhecer e integrar essas regiões ao estado, vendo a necessidade de obras infraestruturais, como estradas e pontes. Chegando à estação Herval, o Presidente Washington Luiz foi recebido com um almoço no qual foi prometida a tão sonhada construção de uma ponte sobre o Rio do Peixe, que ligaria o distrito de Joaçaba e também o isolado Oeste ao restante do Estado de Santa Catarina. No mesmo ano, foi lançada a pedra fundamental para a tão sonhada construção da Ponte.
O início da construção foi supervisionado pelos senhores Tranquilo De Carli e Luiz Francisco Tedesco, engenheiros responsáveis. A construção da obra foi feita pela firma “Gusmão, Dourado & Baldassini”.
Baumgart estava ciente das dificuldades de transposição de um rio cujo regime poderia ocasionar uma elevação abrupta das águas qualquer cimbramento que se apoiasse no leito do rio seria levado pela correnteza, o que de fato aconteceu com as primeiras estruturas da ponte, que foram deslocadas de seu projeto original. Depois de algum tempo e estudos, ele decidiu aplicar o concreto armado utilizando o mesmo processo de construção de treliças metálicas, acrescentando trechos em balanço, suportados pelas partes previamente instaladas. Com isso, Baumgart resolveu o problema inevitável de desnível entre as duas extremidades em balanço.
Cada etapa da construção era objeto de curiosidade por parte de engenheiros, alunos de engenharia e muitos curiosos, pois foi usado um sistema novo de construção (um método diferente em balanço: o sistema de cantilever); foi usado concreto protendido e viga de concreto armado. Esse mesmo método criou tendência para a construção de pontes executadas tempos depois. O processo construtivo original aplicado na construção da ponte Herval foi adotado poucos anos depois em 1937 na ponte de Alveley na Inglaterra.
O Engenheiro Rolf Schjodt, que trabalhava no escritório do Eng. Emilio Henrique Baumgart, na cidade do Rio de Janeiro, descreve o seguinte sobre a construção da ponte. “A ponte do Herval em Santa Catarina, Brasil, apresenta um bom número de aspectos singulares. Em geral, o projeto é um pórtico contínuo de concreto armado, com um vão central de 224 pés (68,27m). A ponte forma uma conexão muito necessária entre a ferrovia na cidade de Herval e os distritos produtores de gado na outra margem (Joaçaba). Devido à ausência de lagos e às fortes chuvas nas montanhas costeiras, o rio está sujeito a repentinas enchentes durante todo o ano. Ocasionalmente o nível das águas sobe 10,7 metros ou mais em uma noite. Era, portanto, indispensável que algum elemento estrutural recebesse o peso do concreto fluido e o transportasse para partes já endurecidas da estrutura. Com isso, foi colocada na altura do eixo uma rótula dentro das vigas, suportadas pelos pilares em forquilhas, para permitir a passagem das vigas, que eram apoiadas, em cada uma delas durante a construção; com isso, assegurava livre rotação da viga. (Continua....)
Fontes e referências Vasconcelos, Augusto Carlos de; Emilio Henrique Baumgart: suas realizações e recordes. Uma vida dedicada ao concreto armado – Edição Vedacit Otto Baumgart AS – 2005, Páginas 52, 53, 54, 55. Vasconcelos, Augusto Carlos de; Emilio Henrique Baumgart: O Concreto no Brasil. Recordes – Realizações - História – 2º Edição Belgo-Mineira Otto Baumgart – Projeto de Divulgação Cultural. Outubro de 1982. Pg. 189 BAUMGARTEM, Cristina (2001). Emilio Henrique Baumgart, O pai do concreto armado - Um resgate. Pg. 25