Órgãos de bebê que morreu após suspeita de espancamento serão doados
A informação foi divulgada por Jesus Alfredo Calvo, primo da mãe da vítima.
A família do bebê de três meses que morreu em Florianópolis após sofrer lesões cerebrais graves em Caçador, no Oeste catarinense, decidiu doar os órgãos da criança. A informação foi divulgada por Jesus Alfredo Calvo, primo da mãe da vítima, nesta quinta-feira (21).
A suspeita da Polícia Civil é de que o crime tenha sido cometido por um casal de babás, que teve a prisão a preventiva decretada pela Justiça. A morte do bebê foi confirmada nesta quinta pela família.
A criança estava intubada em um hospital da Capital catarinense desde segunda-feira (18), após dar entrada na emergência com várias lesões corporais e cerebrais e em quadro de parada cardiorrespiratória.
Isamar Celeste Rojas, irmã da tia do bebê, informou ao g1 SC na quarta-feira (20) que a vítima teve fratura no crânio, costelas quebradas e estava com os olhos roxos.
Ela e a mãe do bebê são venezuelanas e, de acordo com Isamar, vieram para Santa Catarina em busca de melhores condições de vida. As duas moram juntas em Caçador. Além do bebê, segundo a tia, a mulher tem uma criança de dois anos.
"Nós temos que trabalhar. O marido dela não está aqui, ficou em Roraima. Tem que deixar alguém cuidar dos meninos para a gente trabalhar. Não somos daqui, viemos de outro país, então não é fácil", relata.
A irmã conta que a mãe da criança chegou da Venezuela há cerca de um ano.
Investigação
A Justiça decretou a prisão preventiva do casal suspeito de agredir o bebê. A decisão ocorreu após audiência de custódia. Eles foram presos em flagrante e, segundo o delegado Fabiano Locatelli, indiciados pela prática do crime de lesão corporal de natureza grave, com a incidência de dispositivos previstos na Lei Henry Borel aprovada em 24 de maio.
A suspeita sobre os cuidadores, de 19 e 21 anos, foi apontada após o laudo pericial médico constatar lesões graves no bebê, entre elas, a prática de "shaken baby", que é quando um adulto chacoalha uma criança de forma agressiva.
O bebê ainda tinha ferimentos na face, cabeça, costas e nádegas.
A criança internada ficava sob responsabilidade do casal enquanto a mãe, que é venezuelana, trabalhava.
Em nota, a defesa do casal negou a prática de qualquer agressão ou omissão, e informou que "os fatos merecem uma investigação mais aprofundada, e serão esclarecidos durante a instrução processual" (leia a íntegra da nota mais abaixo).
O que diz a defesa
Em relação aos fatos que estão sendo acusados os meus clientes, cujos nomes mantenho em sigilo já que o processo corre em segredo de justiça, informo que:
Os acusados negam a prática de qualquer agressão, ou qualquer tipo de omissão. Estavam cuidando do menor há apenas três dias, e no dia dos fatos notaram que o menor chegou diferente (mais quieto), porém não notaram nenhuma lesão.
Que após mamar, o mesmo acabou se afogando, momento que foi conduzido até o hospital. O casal possui duas filhas (6 meses e 2 anos) que nunca tiveram qualquer tipo de maus tratos, sendo crianças extremamente bem cuidadas, uma inclusive mamando no peito.
Os fatos merecem uma investigação mais aprofundada, e serão esclarecidos durante a instrução processual, e com certeza a verdade virá à tona.
Neste momento, peço respeito aos meus clientes e seus familiares, pois ainda é muito precoce tomar qualquer posicionamento ou julgamento antecipado. Vamos aguardar o andamento processual.
Serão impetrados habeas corpus no Tribunal de Justiça, objetivando a liberação dos acusados. As crianças estão aos cuidados das avós".