Nobel de Medicina 2022 vai para Svante Pääbo por descobertas sobre o genoma de ancestrais humanos extintos

Vencedor é sueco e leva prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 4,8 milhões).

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Nobel de Medicina 2022 vai para Svante Pääbo por descobertas sobre o genoma de ancestrais humanos extintos

O sueco Svante Pääbo é o ganhador do Prêmio Nobel 2022 em Medicina, anunciou a Assembleia do Nobel no Instituto Karolinska, da Suécia, nesta segunda-feira (3).

Pääbo levou o prêmio, que totaliza 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 4,8 milhões), por suas descobertas sobre os genomas de hominídeos extintos e a evolução humana. Em 1982, o pai do cientista, Sune Bergstrom, também ganhou o Nobel de Medicina.

Ao explicar as diferenças genéticas que distinguem todos nós seres humanos vivos desses ancestrais já extintos, o trabalho de Svante Pääbo deu origem a um campo científico totalmente novo: a paleogenética.

"Suas descobertas fornecem a base para explorar o que nos torna exclusivamente humanos", afirmou o comitê.

No ano passado, o prêmio de Medicina foi para dois cientistas, por descobertas sobre temperatura e toque. Desde 1901, mais de cem Prêmios Nobel em Fisiologia ou Medicina (como é formalmente chamado) foram concedidos.

A distinção científica de renome mundial só não foi concedida em nove ocasiões: em 1915, 1916, 1917, 1918, 1921, 1925, 1940, 1941 e 1942.

Ao longo dos anos, das 224 pessoas agraciadas com o Nobel em Medicina, apenas 12 eram mulheres.

O vencedor

Pääbo nasceu em 20 de abril de 1955, em Estocolmo, na Suécia. Atualmente, o cientista é afiliado ao Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, em Leipzig, na Alemanha, e ao Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, Okinawa, no Japão.

O biólogo descobriu que foi o ganhador do Nobel deste ano enquanto tomava uma xicára de café.

"Depois que o choque passou, uma das primeiras coisas que ele se perguntou foi se poderia compartilhar a notícia com sua esposa, Linda", disse o comitê do prêmio.

As descobertas

O comitê do Nobel afirmou que o cientista sueco levou o prêmio porque realizou algo aparentemente impossível: sequenciou o genoma do Homem de Neandertal, um parente extinto dos seres humanos de hoje em dia.

Fora isso, um hominídeo anteriormente desconhecido, o Denisova, também foi descoberto por Svante Pääb.

A evolução humana e a disseminação dos humanos pelo mundo foram temas exploradas ao longo dos anos pelo trabalho do cientista sueco.

Pääbo também descobriu que a transferência de genes ocorreu desses hominídeos agora extintos para o Homo sapiens (a espécie à qual pertencemos) após a saída migratória humana da África há cerca de 70.000 anos, uma informação importante que ajuda a entender como o mundo era povoado nessa época.

Como o DNA (a molécua de de informação genética de um organismo) se modifica quimicamente e se degrada em pequenos fragmentos ao longo do tempo, identificar o genoma desses ancestrais humanos não foi uma tarefa fácil.

O cientista sueco teve que utilizar métodos genéticos modernos e analisar o DNA de mitocôndrias de neandertais (pequenas estruturas encontradas em células e que são responsáveis pela produção de energia) de um pedaço de osso de 40.000 anos.

Como o genoma mitocondrial contém uma fração da informação genética da célula, Pääbo conseguiu então sequenciar, pela primeira vez, uma região do DNA de um ancestral humano extinto.

Esses resultados mostraram que os neandertais têm características distintas que não são encontradas encontradas em humanos modernos e chimpanzés.

Ainda de acordo com o comitê, o cientista levou a láurea de Medicina deste ano porque essas descobertas são fundamentais para o entendimento de como o nosso sistema imunológico reage a infecções.

Isso porque a paleogenética revela como a sequências de genes ancestrais de nossos parentes extintos influenciam o funcionamento do corpo humano.

Na população tibetana de hoje em dia, por exemplo, um certo tipo de gene (EPAS1) encontrado entre os hominídeos de Denisova há 50 mil anos confere uma vantagem de sobrevivência em grandes altitudes e é bastante comum entre os tibetanos.

Fonte:

G1

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