Mais de 400 mil catarinenses recusaram vacina contra Covid-19 em plena pandemia
Saúde reforça que vacinação foi fundamental para controle da doença.
Dois anos após a aplicação da primeira dose da vacina contra a Covid-19 em Santa Catarina, mais de 400 mil pessoas recusaram a vacinação contra a doença no Estado, o que representa 6% da população vacinável do Estado. Os dados fazem parte de um levantamento do Diário Catarinense com base nas informações do Monitor da Vacina do NSC Total. Para o governo estadual, a vacinação fui fundamental para conter os números de infectados.
A primeira dose foi aplicada em 18 de janeiro de 2021 no enfermeiro Júlio César Vasconcellos de Azevedo, de 55 anos. De lá para cá, segundo os dados, 6.851.901 receberam a primeira dose do imunizante até esta quarta-feira (25), o que representa 94% da população apta a receber a vacina, que é de 7.252.502 catarinenses a partir de seis meses de idade. Ou seja, 436.601 pessoas ainda precisam se vacinar.
A faixa etária com a menor taxa de cobertura vacinal da 1º dose é a de crianças entre 0 e 4 anos, onde apenas 4,9% receberam o imunizante em dois meses de campanha. Ao todo, 23.654 vacinas foram aplicadas neste grupo até esta quarta-feira.
Já na segunda dose, 307.435 pessoas estão com a vacina atrasada. Neste grupo, por exemplo, as crianças seguem com os menores índices de vacinação. Até esta quarta-feira (26), apenas 247.083 catarinenses entre 0 e 11 anos receberam a segunda dose — 21,9% do público-alvo, segundo dados do Monitor da Vacina.
Em nível nacional, Santa Catarina é o sexto Estado que mais aplicou a primeira dose da vacina na população — em primeiro aparece o Piauí, com 94,8%. Porém, na segunda dose, o Estado cai para 7º lugar no ranking de aplicação, com São Paulo em primeiro com 89,2%.
Apenas 22% tomaram a dose de reforço
Os dados também apontam que apenas um a cada cinco catarinenses acima de 30 anos tomou a 4º dose de reforço contra a Covid-19. De acordo com o Monitor da Vacina, até esta quarta-feira foram aplicadas 936.618 vacinas, o que representa 22,1% da população apta a receber o imunizante.
A faixa etária com a pior cobertura vacinal é de 30 a 39 anos, onde foram aplicadas 4.943 vacinas. Já o melhor índice aparece entre aqueles com 70 a 79 anos, onde 49,7% receberam o imunizante. Ao menos 1.590.485 catarinenses estão com o esquema atrasado.
A 4º dose — ou segunda dose de reforço — começou a ser aplicada no Estado em maio de 2022. Em um primeiro momento, foi liberada a vacinação de idosos a partir de 60 anos e que tomaram a primeira dose de reforço há pelo menos quatro meses.
Em relação à primeira dose de reforço contra a Covid-19 a taxa é de 55,6% — 3.100.432 vacinas foram aplicadas até esta quarta-feira em pessoas a partir de 12 anos. A faixa etária com a menor taxa é de 12 a 17 anos, onde foram imunizadas 93.558 pessoas. Em contrapartida, a de maior taxa é entre 70 e 79 anos, onde 92,5% receberam a vacina.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que também liberou a aplicação da primeira dose de reforço para crianças de 5 a 11 anos. Porém, ainda não há informações de quantos catarinenses nessa faixa etária foram imunizados.
Em atraso, segundo dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC), são 2.939.057 pessoas. Os baixos índices, inclusive, mostram o Estado na 15º posição no ranking de aplicação, com o pior desempenho do Sul do país: Paraná aparece em 3º lugar com 58,7%, e o Rio Grande do Sul em 6º com 52,9%. Os dados são do Mapa da Vacinação do g1.
Vacinação foi fundamental para o controle da doença, diz Estado
O início da vacinação em Santa Catarina e no Brasil trouxe a esperança de um controle da doença. Por isso, para o governo estadual, o balanço desses dois anos foi positivo, principalmente durante os momentos em que o Estado viveu novos picos de transmissão da Covid-19.
— O principal resultado é que ela impactou na curva de transmissão, e na de óbitos e casos graves. Nós começamos com um escalonamento e agora atingimos toda a população a partir de seis meses. Ou seja, é um balanço positivo, porque foi através da vacinação que conseguimos mudar a curva da doença — explica João Augusto Brancher Fuck, diretor de vigilância epidemiológica de Santa Catarina.
Um exemplo foi o pico de contaminação da Covid-19 em janeiro de 2022 onde o Estado chegou a ter mais de 80 mil pessoas em tratamento da doença ao mesmo tempo — o maior número desde o início da pandemia. Porém, Fuck relembra que o número não impactou em óbitos e internações.
— Isto mostra o quão importante foi a vacinação e o quanto ainda precisamos avançar, principalmente nas doses de reforço e em crianças. A pandemia não acabou, só estamos em um cenário epidemiológico melhor — complementa.
Para isso, no entanto, o Estado esbarra com algumas dificuldades, como a baixa procura pela dose de reforço e a pouca adesão à vacinação de crianças a partir de seis meses. Por isso, a Dive tem estudado estratégias para reforçar a importância da imunização nos próximos meses. Entre elas está a campanha em escolas e a união com os municípios para ofertar as doses à população.
— Nós não paramos de distribuir vacinas. Temos várias estratégias do ano passado que vamos manter nesse ano, como a vacinação nas escolas, ampliação de horários, vacina intinerante...Tudo isso será pautado com os municípios para melhorar essa cobertura — pontua.