Mãe de menino desaparecido sofre de depressão pós-parto e quer criança de volta, diz irmão
Polícia Civil investiga se mãe de menino foi também vítima de dupla suspeita de tráfico humano.
A mãe do menino catarinense de dois anos que ficou oito dias desaparecido sofre de depressão pós-parto, conforme um irmão dela revelou nesta terça-feira (9). A vontade dela, ainda segundo o familiar, é de ter de volta a criança, que está provisoriamente em um abrigo, por decisão da Justiça de São Paulo, após ter sido resgatada junto de um casal que está preso por suspeita de tráfico de pessoas.
"Como a delegada [Sandra Mara, à frente do caso] disse, minha irmã foi mãe muito nova, muito jovem, com 19 anos. Ela teve a primeira crise de ansiedade aos 14, então já é uma bala emocional. Aí isso já vem há bastante tempo na vida dela, e ela vem tratando. Só que a depressão pós-parto fez isso reavivar. Então, ela realmente acabou cedendo a essas emoções e aconteceu o que aconteceu", disse Juliano Gaspar, tio da criança reencontrada, após coletiva de imprensa das autoridades catarinenses sobre o caso.
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No período em que a criança ficou desaparecida, a mãe dela esteve internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital da Grande Florianópolis, devido a uma intoxição medicamentosa, também segundo o irmão. Juliano disse que ela já recebeu alta e retomou um tratamento psiquiátrico.
"Ela já está fazendo tratamento, recomeçou hoje, porque ela já tinha feito uma época, e acredito que vai se recuperar completamente, principalmente com toda a repercussão e entendendo o que aconteceu. Acredito que ela amadureça também não só emocionalmente, mas psicologicamente", disse.
Na coletiva de imprensa em que o tio do menino esteve presente, a delegada Sandra Mara, da Polícia Civil catarinense, também afirmou que a mãe teria entregue a criança ao casal preso em um contexto de fragilidade emocional e psicológica, podendo também ter sido vítima no caso, de aliciamento.
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A mãe do menino nega ter recebido qualquer vantagem em troca de ter entregue ele, mas ainda será feita uma quebra de seu sigilo bancário para confirmar isso, de acordo com a Polícia Civil.
O menino foi encontrado em São Paulo com Marcelo Valverde Valezi, apontado como intermediador do tráfico da criança, e Roberta Porfírio, que teria a intenção de adotá-la ilegalmente. O tio do bebê revelou ainda que os familiares nunca ouviram falar do casal nem da intenção da mãe em doá-lo.
"Pelo o que a gente sabe, as conversas começaram em grupos de apoio a mães de primeira viagem. Nesse sentido, a gente vê que foi realmente com o intuito de sequestrar a criança. A gente nunca ouviu falar em nenhuma dessas pessoas. Até achamos, de início, que [o sobrinho] deveria estar com a família do suposto pai biológico. E realmente não estava, então a gente teve que começar do zero uma investigação juntamente com a polícia, principalmente com o pessoal da SOS Desaparecidos", disse.
Juliano afirmou ainda que, no dia do desaparecimento, a irmã teria dito que iria visitar uma amiga, o que não ocorreu. Ele ainda desmentiu o boato de que a familiar seria usuária de drogas e disse que ela pode ter ingerido uma quantidade maior de remédios controlados, o que a levou para o hospital, por arrependimento de ter entregue o filho aos aliciadores.
"Ela quer muito, muito [ter o filho de volta]. É a maior de todas as vontades. Imagina, é um "minimim", como a gente chama. É parecido com a gente, tem o nosso sangue, é família".