Horror! Homem é preso por suspeita de manter a mulher e os 2 filhos em cárcere privado por 17 anos
Vítima relatou agressões físicas e psicológicas constantes. Ela e os filhos foram impedidos de estudar e trabalhar.
Policiais militares do 27ºBPM libertaram, na manhã desta quinta-feira (28), uma mulher e dois filhos que eram mantidos em cárcere privado em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, havia 17 anos, segundo a PM.
O pai das crianças e marido da mulher, identificado como Luiz Antonio Santos Silva, foi preso pelo crime.
Ele vai responder por sequestro ou cárcere privado; vias de fato; maus-tratos e crime de tortura.
As vítimas estavam em uma casa na Rua Leonel Rocha e os policiais chegaram ao local após uma denúncia anônima.
Os jovens, de 19 e 22 anos, filhos da mulher e do suspeito de mantê-los em cárcere, estavam amarrados, sujos e subnutridos.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado.
Depoimento
A mulher contou em depoimento à Polícia Civil que tentou se separar várias vezes. No entanto, relatou que ouviu ameaças do marido, Luiz Antonio Santos Silva, preso pelo crime - "Você tem que ficar comigo até o fim, se você for embora só sai daqui morta".
Ela disse ainda que os filhos, de 19 e 22 anos, eram acorrentados e amarrados e nunca frequentaram a escola, proibidos pelo marido, com quem estava há 23 anos. Segundo o depoimento, tanto ela quanto os filhos eram agredidos física e psicologicamente.
Moradores sabiam do caso
Luiz foi levado para a cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte. A 43ª DP (Guaratiba) já realizou a perícia no local e deve encerrar o inquérito em até 10 dias.
A vítima disse que, desde que começou o relacionamento, foi impedida de trabalhar e estudar pelo marido.
Alguns moradores do bairro da Foice, em Guaratiba, sabiam dos horrores que aconteciam na casa de Luiz Antonio Santos Silva, conhecido com DJ.
Ele vai responder por sequestro ou cárcere privado; vias de fato; maus-tratos e crime de tortura.
Ao saberem da prisão, vizinhos relataram que tentaram pedir ajuda ao poder público, mas, sem retorno, passaram a alimentar a mãe e seus dois filhos escondidos.
“As crianças ficavam presas, amarradas. Na quarta-feira, eu trouxe pão, mas a mulher contou que o Luiz viu e jogou fora, contou que ele queria bater nela, que achou ruim, e que eles não comeram nada”, contou Sebastião Gomes da Silva.
Ele contou ainda que, na quinta-feira (28), dia da libertação da família, conseguiu dar uma fruta para a menina.
“A menina pegou hoje aqui, a bichinha pegou a banana e comeu com casca e tudo. Ela estava com muita fome”, contou.
Mulher não conseguia falar
Marizete Dias, outra moradora da região, ficou impressionada com a situação de desnutrição da família e contou que no momento da libertação da família pela polícia, a mulher não conseguia sequer falar.
“Vimos o estado que as duas crianças saíram daqui e mais uma semana, acho que não iria mais sobreviver, e eu falei com ela na ambulância. E ela está sem conseguir falar, se expressar, até porque de fraqueza”, disse acrescentando ainda que as crianças, na verdade dois jovens de 19 e 22 anos, mas que aparentam crianças de 10 anos, não conseguiam ficar de pé.
“Quem ajudava muito era o seu Tião que tinha mais acesso. Ele ajudava e a gente ficava sabendo. Tentaram chamar o Conselho Tutelar, mas ninguém tinha acesso para entrar. Até que conseguiram chamar a polícia e conseguiram resolver”, disse Marizete.
Após serem libertados, na manhã da quinta-feira (28), as pessoas foram levadas para o Hospital Rocha Faria primeiro para se restabelecerem.
“A situação era estarrecedora”, disse o policial que prestou socorro.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que a mulher e os filhos que estavam em cárcere privado apresentavam quadro de desidratação e desnutrição grave e estão recebendo todos os cuidados clínicos necessários, além do acompanhamento dos serviços social e de saúde mental.
O motorista Álvaro dos Santos conta que não sabia muito bem o que acontecia na casa.
“A gente passava muitas vezes aqui e o som alto. Ele tinha uma aparelhagem de som muito grande aí dentro. Parece que para abafar a situação que estava acontecendo aí. Eu sabia que tinha duas crianças aí, mas eu nunca vi. Fui ver hoje que o Samu”, conta ele.
“Ele é um cara forte, fala grosso. Simplesmente ficava aí dentro, ligava o som alto para abafar a situação. Foi denunciado várias vezes. Hoje chegou ao final”, disse Álvaro.
Caso já tinha sido denunciado
Moradores contaram ainda que denúncias foram feitas ao posto de saúde do bairro e ao conselho tutelar, mas que de nada adiantou.
A direção da Clínica da Família Alkindar Soares Pereira Filho informou que notificou a suspeita de maus-tratos em 2020 ao Conselho Tutelar da região.
O Conselho Tutelar de Guaratiba disse que acompanha o caso há dois anos, que chamou o Ministério Público e polícia, mas nada foi feito até então. O Ministério Público não retornou.