Fazendeiro perde R$ 480 mil após extorsão de quadrilha que aplica o golpe dos nudes
Nesta quinta são cumpridos oito mandados de prisão temporária e 12 de busca.
Cerca de 50 policiais civis do Rio Grande do Sul e de Goiás realizam, na manhã desta quinta-feira (23), uma operação em cinco cidades gaúchas contra uma quadrilha que aplica o golpe dos nudes. Um fazendeiro da cidade de Rio Verde, no Estado de Goiás, perdeu R$ 480 mil no início deste ano ao cair no golpe.
Depois de repassar o dinheiro, ele percebeu que tudo não passava de uma farsa e procurou a Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos de Rio Verde. O responsável pelo setor, após várias investigações, descobriu que o grupo criminoso é do Rio Grande do Sul e acionou o titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudadores do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) do Rio Grande do Sul, delegado André Anicet. Os golpistas também se passaram por advogado, além de simularem depressão, tratamento psiquiátrico e até suicídio da suposta jovem. Chegaram até mesmo a criar falsos acordos judiciais.
— Eles fabricaram carteiras da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), carteiras funcionais de delegados de polícia, postagens de luto nas redes sociais, entre outros — diz Anicet.
São cumpridos, na Operação sem Fronteiras, oito mandados de prisão temporária e 12 de busca em Novo Hamburgo, São Leopoldo, Taquara, Igrejinha e Nova Santa Rita. Quatro pessoas já foram presas.
As polícias dos dois Estados tentam também identificar mais vítimas da quadrilha gaúcha e informam que foi necessário realizar a operação nesta quinta-feira devido ao alto valor em que o fazendeiro de Goiás foi lesado. Por isso, o objetivo foi desarticular o mais rápido possível o esquema criminoso para evitar que mais pessoas pudessem perder altos valores durante extorsões.
Mesma forma de agir
Anicet, que já prendeu vários integrantes de quadrilha que aplicam o golpe dos nudes, inclusive em ações conjuntas com policiais de outros Estados, diz que o esquema é praticamente o mesmo: contatos pelas redes sociais por meio de perfis de jovens que dizem ser adolescentes, troca de imagens pelo WhatsApp e depois ameaças por um falso pai da suposta adolescente e por falsos policiais. Em vários casos, os próprios homens são quem acionam as supostas adolescentes ao verem fotos sensuais de jovens bonitas.
Depois disso, os criminosos trocam as primeiras mensagens. Muitas vezes são presidiários se passando pelas moças. Na sequência, começam as mensagens em áudio. Nesta fase do golpe mulheres integrantes das quadrilhas são utilizadas. Até mesmo na troca de imagens íntimas, há casos em que os homens pensam estar se comunicando com adolescentes, quando na verdade são detentos.
A extorsão ocorre depois que os próprios presos — mas também há suspeitos que atuam para eles e que não estão detidos — se passam por pais das supostas adolescentes e também por policiais, forjando que a relação online teria sido descoberta pelos responsáveis. Para isso, montam cenários idênticos aos de uma delegacia e usam falsos agentes na hora em que ligam para as vítimas. Eles, que dizem ser agentes corruptos, ameaçam abrir inquéritos, realizar prisões, ingressar com processos ou até repassar as fotos para familiares das vítimas. Para que isso não seja feito, exigem dinheiro.