Conheça o brasileiro que está na fila para fazer uma viagem espacial
Empresário é o número 462 da fila para ir ao espaço em uma nave da Virgin Galactic e deve realizar o feito até 2023.
Viajar para o espaço era um sonho distante algumas décadas atrás, mas já pode ser uma possibilidade para quem tiver dinheiro suficiente. Empresas privadas investiram bilhões de dólares para tornar viável o turismo espacial, setor que iniciou as atividades neste ano após muitos testes.
No final de semana, o bilionário fundador da empresa Virgin Galactics, Richard Branson, se tornou o primeiro empresário a viajar para o espaço em um voo suborbital, em que ficou fora da atmosfera terrestre por alguns minutos e retornou em segurança ao solo.
Neste mês, o homem mais rico do mundo, o fundador da Amazon e da empresa espacial Blue Origin, Jeff Bezos, vai decolar em um foguete e fará uma viagem mais curta e mais distante que a de Branson.
Ambas as viagens poderão ser realizadas por cidadãos comuns e endinheirados em breve. Um dos viajantes é o brasileiro Marcos Palhares, empresário e representante da Virgin Galactic no país que está na posição 462 da fila. A viagem custa cerca de US$ 250 mil, mais de R$ 1,2 milhão, e não há uma data certa para o embarque.
Esperando desde 2013 para realizar o feito, a expectativa é que o empresário consiga ir ao espaço até 2023, quando se tornará o segundo brasileiro a ir ao espaço depois do astronauta Marcos Pontes, que ficou uma semana na Estação Espacial Internacional em 2006. “Isso é algo que espero toda a minha vida”, diz Palhares.
O empresário conta que, a princípio, tinha o plano de ir ao espaço com o apoio do governo brasileiro, mas não surgiram novos projetos nacionais com essa finalidade após a missão de Pontes.
“Não houve nenhum chamamento público desde então. Tenho realizado treinamentos para esperar pela oportunidade de viajar pela minha nação. Enquanto isso não acontece, tenho trabalhado paralelamente”, conta.
Com treinos realizados na Nasa e na agência espacial russa, a Roscosmos, Palhares virou sócio de Marcos Pontes e abriu uma empresa em que qualquer pessoa pode contratar cursos e treinamentos voltados à área espacial.
“A Nasa permite que qualquer pessoa realize treinamentos rápidos e com valores acessíveis”, diz. Alguns dos cursos oferecidos pelos americanos duram só um dia. “Na Rússia, você tem um treinamento mais sofisticado, usa os mesmos laboratórios que os cosmonautas usam. É mais caro e mais profissional.”
A viagem
A experiência oferecida pela Virgin Galactic dura apenas alguns minutos e passa da Linha de Kármán, trecho de 100 km usado para definir o limite entre a atmosfera terrestre e o espaço. Os viajantes não podem sair da nave, que é um híbrido de avião e foguete, o que oferece “mais conforto e estrutura operacional”, segundo Palhares.
Uma das ideias do turismo espacial é permitir que cidadãos comuns conheçam o espaço, portanto, treinamentos longos não serão necessários. Palhares conta que, os tripulantes passam por treinos simples três dias antes do lançamento, que envolvem gravidade, preparo mental e informar aspectos da saúde de cada um.
Apesar dos avanços na área, o sonho da viagem espacial ainda é cara e inacessível para uma grande parcela da população mundial, mas, para o empresário brasileiro, quanto mais pessoas se interessarem, mais o setor consegue se popularizar.
“A viagem do Richard Branson foi uma sinalização de que as pessoas não precisam gastar milhões de dólares para viajar ao espaço. Antes, isso era restrito a uns poucos bilionários e governos. Com esse voo, o valor sai das dezenas de milhões para centenas de milhares de dólares”, conta.