Caso Andressa

Reportagem publicada no Diário Catarinense.

, 92 visualizações
Sem imagem
Sem imagem

Reportagem publicada no Diário Catarinense.

O delegado Maurício Pretto se dizia otimista: os resultados de exames feitos pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) poderiam levar ao assassino da menina Andressa Holz. Mas, na última quarta-feira, com os resultados em mãos, ele reconheceu: não obteve indícios que levem à solução do mistério. Uma comunidade maculada. Com estas palavras, o agricultor Avelino Hoffmann, de 76 anos, resume o sentimento dos moradores da Linha Leãozinho, localidade de Luzerna, no Meio-Oeste, onde ocorreu o assassinato de Andressa, em 17 de junho do ano passado. Roupas que Andressa usava no dia em que desapareceu foram analisadas, dados de DNA da família foram cruzados, impressões digitais na bicicleta foram avaliadas. Exame grafotécnico de uma carta apreendida pela polícia, perícia em roupas íntimas e num pedaço de papel sujo de sangue, encontrado no quarto da menina. Nada ajudou. O exame de DNA realizado com material coletado da ossada de Andressa e amostra do sangue do pai comprovou que ela é filha legítima de Otávio Holz. A hipótese de que ele fosse padrasto aumentaria a suspeita de que poderia ter cometido o crime. Depois de analisada, a bicicleta que a menina usava no dia do desaparecimento será devolvida à família nesta semana. As roupas que ela vestia foram incineradas pelo IML com autorização da família, após os exames. Quando foi encontrado, dia 1º de outubro, 106 dias após o desaparecimento, o corpo de Andressa se resumiu a ossos. Devido ao estado de decomposição, muitos exames não puderam ser feitos, como, por exemplo, os que indicariam se ela sofreu violência sexual. Mesmo sem evidências, o delegado Maurício Pretto afirma que este crime não entrará para a galeria dos insolúveis. Diz estar focado na localização de um homem que pode ser a testemunha-chave para desvendar todo este mistério. Mas, quase 250 dias depois, poucos na Linha Leãozinho têm esperança de que a verdade apareça. — Este lugar nunca mais será o mesmo. É até difícil acreditar no que aconteceu. Muito triste tudo isso — comenta Avelino, um dos mais antigos moradores da localidade. O crime mais bárbaro que ele havia visto até então tinha sido o roubo de algumas galinhas. Mudança nos hábitos de adultos e crianças A morte brutal da menina – que faria 13 anos nesta segunda – mudou o comportamento das cerca de 30 famílias de pequenos agricultores, descendentes de alemães, de Linha Leãozinho. Eles agora têm medo de que novos assassinatos, como o de Andressa, acontençam. A demora em achar o culpado revolta a população. As crianças não vão mais sozinhas à cidade, distante quatro quilômetros da comunidade. Qualquer atraso dos filhos na volta da aula é motivo de preocupação. Uma pessoa estranha na região é vista com desconfiança. — Enquanto o assassino não for preso, ninguém terá sossego — comenta Ivênia Cassel, vizinha de Otávio e Clair Holz, pais de Andressa. A polícia prossegue as investigações, mas até hoje não há provas ou evidências que possam ajudar a elucidar o caso. Na cidade e na região, ainda há quem aposte na culpa do pai da menina, por acreditar que “em crimes deste tipo, geralmente há o envolvimento do pai ou do padrasto”, e porque a polícia interrogou Otávio Holz várias vezes e recolheu objetos na casa da família. Os resultados dos exames tornam esta possibilidade muito remota e desfazem uma tese que – mesmo sem admitir – policiais também consideravam. Com o novo cenário, as atenções se voltam justamente para a polícia. É ela quem deve dar resposta para um crime violento, misterioso e que mudou a vida de uma família.

Notícias relacionadas