Banco Central injeta US$ 4,6 bilhões no mercado de câmbio em dois leilões extraordinários
Antes da primeira intervenção, o dólar chegou a ter alta de 0,80%, cotado a R$ 6,09.
O Banco Central injetou US$ 4,6 bilhões no mercado de câmbio nesta segunda-feira (16) com a realização de dois leilões extraordinários. A autoridade monetária realizou quatro intervenções em menos de uma semana para tentar conter a alta do dólar.
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A moeda norte-americana começou o dia em alta nesta segunda e chegou a ser cotada a R$ 6,09. Depois da ação do BC, o dólar desacelerou, mas continuou subindo. Às 10h40, era cotado a R$ 6,048.
Mais cedo, em um leilão extraordinário de dólares à vista, o BC vendeu US$ 1,6275 bilhão. Em comunicado, a autarquia disse que foram aceitas 18 propostas entre 9h35 e 9h40 no pregão não programado e que a taxa de corte foi de 6,0400.
Esse foi o maior valor injetado pelo BC no mercado em um único leilão de dólares à vista desde 10 de março de 2020, quando foram vendidos US$ 2 bilhões. Considerando mais de uma operação em um mesmo dia, em 24 e abril de 2020, a autoridade monetária vendeu à vista US$ 2,175 bilhões no total de quatro intervenções.
Durante a pandemia de Covid-19, em um momento de grande volatilidade da moeda norte-americana, a instituição fez intervenções extraordinárias no câmbio de forma mais recorrente.
Esse tipo de leilão à vista funciona como uma injeção de dólares no mercado, como forma de atenuar disfuncionalidades nas negociações e diminuir a cotação da moeda, seguindo a lei da oferta e demanda.
Depois da oferta à vista, a autoridade monetária vendeu US$ 3 bilhões com compromisso de recompra, no chamado leilão de linha. Foram aceitas seis propostas, nesta segunda entre 10h20 e 10h25, no valor total ofertado. O BC comunicou que a taxa de corte do leilão foi de 6,010000%.
As operações serão liquidadas na próxima quarta-feira (18), e a recompra de dólares está prevista para 6 de março de 2025. A realização do leilão de linha tinha sido programada pela autoridade monetária na última sexta (13).
Nessa modalidade, o BC vende reservas internacionais no mercado à vista, mas com o compromisso de recompra em um prazo determinado.
Na sexta, o BC também fez um leilão surpresa de dólares à vista, logo após a divisa tocar a máxima de R$ 6,077. Nove propostas foram aceitas entre 14h41 e 14h46, e US$ 845 milhões das reservas internacionais do país foram vendidos.
A primeira intervenção no câmbio desde que o dólar rompeu a barreira histórica dos R$ 6 ocorreu na quinta-feira (12), quando o BC vendeu US$ 4 bilhões em dois leilões de linha.
No início do mês, o diretor de Política Monetária e futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que a autoridade monetária não ia "segurar o dólar no peito". Na ocasião, ele reforçou que a instituição só atua no câmbio em caso de disfuncionalidade.
O BC, apesar da atuação, não tem sido capaz de reverter a tendência de alta do dólar. O cenário reflete a preocupação do mercado financeiro com a trajetória das contas públicas do país. Há dúvidas sobre a aprovação do pacote de contenção de despesas no Congresso Nacional na reta final do ano.
A tramitação do plano fiscal esbarrou na liberação de emendas parlamentares, instrumento no centro do imbróglio entre Executivo e Legislativo.
Além das intervenções do BC no câmbio, o Copom (Comitê de Política Monetária) fez um aumento mais agressivo de juros, de 1 ponto percentual. Com isso, a taxa básica (Selic) fechará 2024 no patamar de 12,25% ao ano.
O colegiado do BC também antecipou que prevê novos aumentos de mesma intensidade nas duas próximas reuniões, em janeiro e março de 2025. Se essa previsão se confirmar, a Selic atingirá 14,25% ao ano –pico dos juros na crise do governo de Dilma Rousseff (PT), entre 2015 e 2016.