Atleta de 13 anos morre de parada cardiorrespiratória e suspeita é que ela tenha inalado gás de desodorante
Pai diz que já tinha alertado adolescente sobre risco.
A atleta sub-16 Verônica Silva Menezes, de 13 anos, morreu após ter uma parada cardiorrespiratória em Rio Branco e a suspeita é que ela tenha inalado gás de desodorante. O acidente ocorreu no quarto dela, nesta quinta-feira (5), no bairro Aroeira, em Rio Branco. O laudo que comprova a causa da morte deve sair nos próximos dias.
Em nota, o Conselho de Administração da Federação Acreana de Atletismo lamentou a morte da adolescente e lembrou que Verônica despontou em provas de rua, pista e campo nos últimos anos.
A adolescente foi encontrada pela mãe já desmaiada na cama. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada e, segundo o coordenador, Pedro Pascoal, inicialmente, o chamado foi para atender uma ocorrência de crise convulsiva.
Ao chegar no local e verificar a situação, a equipe acionou o suporte avançado. Foram mais de 45 minutos de procedimentos de reanimação, mas a adolescente não resistiu e morreu.
“Infelizmente, não tivemos sucesso. Nós constatamos sinas de intoxicação, observamos alguns tubos de aerossol ao lado do corpo da paciente, mas não dá para saber ao certo se foi, de fato, intoxicação por aerossol, somente mesmo após o laudo cadavérico da equipe do IML [Instituto Médico Legal]”, afirmou o coordenador.
Conforme o Samu, a atleta teve uma parada cardiorrespiratória por intoxicação. O corpo de Verônica foi levado ao IIML para os exames cadavéricos e, em seguida, liberado à família.
Familiares e amigos acompanham o velório da adolescente nesta sexta (6), no Cemitério Morada da Paz, onde foram expostos os troféus e medalhas da adolescente. O sepultamento acontece às 16h.
A Polícia Civil informou que a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) abriu um inquérito que vai investigar as causas da morte da menina. A intenção é saber se a jovem participava de algum tipo de desafio e se foi incentivada por alguém a cometer a ação.
Pai alertou sobre risco
Emocionado, o pai de Verônica, o eletricista Moisés Manoel Menezes, contou que já tinha flagrado a filha inalando o produto uma vez e que havia orientado a adolescente.
“Peguei uma vez ela usando isso, aí dei um 'carão' nela e disse que aquilo matava, mas não sabia que matava mesmo, eu só fiz medo a ela para ver se parava. Quando foi ontem [quinta, 5], a mãe dela disse que viu os dois frascos em cima da cama perto dela. Não esperava por isso aí não, jamais”, lamentou o pai.
Ele disse ainda que recebeu a notícia por telefone e que tinha sentido algo estranho momentos antes. “Estava no meu carro e senti que ela tinha chegado perto de mim, olhei para um lado e para o outro e não vi nada. Aí, cheguei em casa, o telefone tocou e quando vi já tinha caído a ligação da mãe dela, mandei mensagem e ela respondeu que ela estava desmaiada”, lembrou.
Perigos da inalação de aerossol
O coordenador do Samu alertou sobre as orientações que devem ser dadas aos adolescentes com relação aos perigos desse tipo de atitude.
“Fica um alerta aos professores, formadores de opinião e pais. Nós iremos passar isso para a Secretaria de Saúde, tentar formar uma campanha de conscientização da população de que o desodorante aerossol inalado faz o efeito de uma droga ilícita”, afirmou Pascoal.
O profissional também alertou sobre o que acontece no corpo quando a pessoa inala esse tipo de substância.
“Sabemos que a composição do aerossol possui vários produtos químicos que, quando em contato com nossos glóbulos vermelhos, acabam tirando a molécula de oxigênio e entrando no lugar dela. Uma vez o oxigênio ausente na célula, nós entramos em estado de asfixia. E foi o que aconteceu, provavelmente, com a Verônica”, concluiu.