Arroz e manjar para a rainha do mar

2 de fevereiro é dia de comer as especiarias dedicadas a Yemanjá pelo sincretismo religioso baiano.

, 23.401 visualizações
Arroz e manjar para a rainha do mar

Rodrigo Leitão

Dia 2 de fevereiro é dia de Yemanjá. Festa na Bahia e no sincretismo religioso brasileiro. Falamos, então, de comida típica que é feita como oferenda a rainha do mar. É comida feita para ritual de Candomblé e de Umbanda, mas que a gente come normalmente no dia-a-dia e há séculos.

No sincretismo religioso afro-brasileiro Yemanjá é Nossa Senhora dos Navegantes. Mas por incrível que pareça, a comida típica para celebrar Janaína, que é o nome dela, não tem nada a ver com a comida baiana tradicional, de frutos do mar. Tem peixe sim, camarão, canjica e mamão, mas desperta a curiosidade outros dois pratos: arroz de mel e manjar de coco.

Aliás, manjar branco é um dos pratos doces que mais me fascinam. Eu já passei um dia inteiro de vôo aguardando a hora de devorar um manjar original, lá no mundo árabe. Quando fui a Bagdá pela primeira vez, três décadas atrás, fui fazendo boca pra isso e quando cheguei lá não resisti e comi muito manjar branco.

Nem jantei, fiquei só no doce. Culinária fascinante a de lá, foram oito quilos a mais em 20 dias.

A comida branca tem significado de riqueza, de prosperidade. No caso do arroz, feito em homenagem a Yemanjá, o significado é de vitórias. Essa oferenda abriria as portas para o sucesso e nesse caso é bom misturar leite de coco e camarão. Depois de pronto é que você rega com mel.

E no caso do manjar, o significado é “tudo que alimenta, deleita, engrandece, vigora o espírito ou a alma!”. Então essa comida garantiria vitórias, sucesso, mas revigorando o espírito.

Na verdade, o manjar e o arroz são adaptações, já que origem desses pratos é árabe. Isso ocorreu pela troca de influências. Estamos falando de gastronomia do ponto de vista do sincretismo religioso e a Bahia foi a parabólica do Novo Mundo no Brasil Colônia.

RIQUEZA GASTRONÔMICA

Essa fusão brasileira de afro+indio+branco trouxe uma riqueza gastronômica muito grande para o Brasil.

O arroz e o manjar vieram da dominação moura na Península Ibérica. Os espanhóis não conheciam arroz e quando começaram a usá-lo, faziam uma espécie de arroz doce. O manjar é um doce tipicamente árabe e os dois tem a simbologia do alimento branco, que é a prosperidade.

O arroz é uma semente branca. Geralmente se come o branco porque ele simboliza a riqueza, a abundância e a fertilidade. Alguns países como o Líbano e a Dinamarca e, principalmente, na Coréia e no Japão, as pessoas acreditam que o arroz traz muita sorte, principalmente se comido na ceia de réveillon. No Líbano, chega-se ao extremo de comer apenas alimentos brancos na passagem do ano. E nós aqui, fomos incorporando essas tradições, muitas vezes sem saber o por quê.

DICA DE HARMONIZAÇÃO:

Como Yemanjá é rainha do mar, eu tomaria um bom sauvignon blanc para brindá-la. Até porque, arroz com camarão é um ótimo prato para harmonizar com esse vinho. Mas a bebida de Yemanjá é outra. Algumas pessoas até dizem que é champanhe, espumante. Mas essas bebidas sequer existiam lá na África. Aliás, de acordo com a Umbanda, Iemanjá não gosta de bebidas, o negócio dela são flores. Acho que um chá de rosas ou uma água de rosas seriam mais adequados. Apesar disso, costuma-se celebrar Yemanjá com champanhe ou espumante, por ela ser rainha do mar. Tá vendo como tem tudo a ver. Até no sincretismo religioso se sugere espumante para a praia.

FAÇA EM CASA:

Manjar de Yemanjá

Ingredientes:

– 1 litro de leite

– 1 lata de leite condensado

– 100g de coco ralado

– 5 colheres bem generosas de amido de milho

– 2 vidros de leite de coco (200 ml)

– 400 de ameixas pretas sem caroço

– 3 xícaras de açúcar

– 3 cravos da índia

– 1 pedaço de canela em pau

– 1/2 litro de água

Modo de Preparo:

PARA O MANJAR – Ponha o leite, o leite condensado e o coco ralado em uma panela, misture bem e leve ao fogo até levantar fervura. Acrescente o amido dissolvido em meio copo de água e mexa até engrossar. Junte o leite de coco e deixe ferver por dois minutos mais ou menos. Retire do fogo e despeje em forma umedecida. Deixe esfriar.

PARA A CALDA – Ponha o açúcar em uma panela, leve ao fogo para caramelar. Junte a água e o restante dos ingredientes e deixe ferver por quinze minutos. Deixe esfriar.

PARA SERVIR – Desenforme o manjar, cubra com a calda, espalhe as ameixas.

Notícias relacionadas

Finna Farina utiliza Tecnologia e IA no controle de qualidade

Finna Farina utiliza Tecnologia e IA no controle de qualidade

Finna Farina revoluciona o mercado sendo a primeira pizzaria da região a utilizar Inteligência Artificial no controle de qualidade.

A culinária tradicional é um dos destaque do Festival Gastronômico de Treze Tílias

11º circuito gastronômico de Treze Tílias: Uma viagem pelos sabores da culinária austríaca

Durante o mês de julho, 20 estabelecimentos, incluindo restaurantes, cervejarias, vinícola, hotéis e lojas oferecem o melhor da culinária.

Aprenda a planejar refeições de forma nutritiva e saudável

Aprenda a planejar refeições de forma nutritiva e saudável

O diretor de gastronomia Luciano Aquino dá dicas de como montar um prato balanceado.

Bar de SC aposta em chás alcoólicos como tendência da estação

Bar de SC aposta em chás alcoólicos como tendência da estação

Leves, porém intensos, os chás alcoólicos são os queridinhos nas grandes metrópoles e conquistam cada vez mais adeptos.