Acusado de tentativa de feminicídio em Concórdia vai a júri nesta terça-feira, 27

Mulheres fazem protesto em Concórdia durante julgamento.

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Fotos: Jean Ghidorsi
Fotos: Jean Ghidorsi

A comarca de Concórdia realiza na terça-feira (27/07), a partir das 9h, sessão do Tribunal do Júri para julgar Maico Cavallieri, que em fevereiro de 2020, desferiu 23 facadas contra a ex-companheira, a contadora Ingra Ohana de Vargas. O crime ocorreu pouco depois das 22h, na hora que a vítima saia de um restaurante com a filha de ambos de seis anos. A arma utilizada foi uma faca de churrasco e Maico está preso desde então.

Ingra ficou internada por quase 18 dias, sete deles em coma, para tratar os cortes na cabeça, costas, seios, abdômen e braços. Passou por três cirurgias e ainda tenta recuperar a integral mobilidade da mão direita.  

Exatamente um ano antes, em fevereiro de 2019, o criminoso já havia agredido Ingra com socos na cabeça e asfixia e vivia com restrições. “Ele não podia sair de casa entre as 21h e 6h. As medidas protetivas dificultam, mas não impedem de o crime acontecer. Quando eu saia do restaurante eu ouvi minha filha dizendo ‘papai’. Ali o meu mundo caiu! Ele veio pelas minhas costas. Foi tudo muito rápido. Eu larguei a minha filha, atravessei a rua de volta ao restaurante, mas ele me alcançou e me esfaqueou na calçada. Eu queria ter poupado minha filha desse momento”, detalha.

Ingra comenta que há muitas associações e advogados em defesa da violência contra a mulher. “Mas nós mulheres, vítimas de violência precisamos nos mostrar. Nós é que encorajamos outras mulheres a denunciarem a violência. Eu também protelei por muito tempo a denúncia. O medo nos bloqueia à ação. E eu não quero que ninguém mais passe pelo que eu passei”, pede.

A vítima é uma das líderes no Brasil do movimento contra a violência doméstica, por meio da associação Somos Todas Ingras. “Vivemos uma pandemia oculta e temos que lutar pelo não silêncio das mulheres. Nem todas têm a oportunidade como eu de expor essa causa tão nobre”, relata Ingra.

“Não sofra calada, sozinha. Dê voz ao seu silêncio. É uma luta que envolve não só as mulheres vítimas de violência, mas também todas as mulheres e toda a sociedade. Não seja cúmplice do agressor”, encerra Ingra.

O perfil do Instagram da associação Somos Todas Ingras é @somostodasingras.

Mulheres fazem protesto em Concórdia durante julgamento de homem que tentou matar a ex-esposa

O homem acusado de tentar matar a ex-esposa, Ingra Ohana de Vargas, na noite do dia 04 de fevereiro, na Rua do Comércio em Concórdia, será julgado nesta terça-feira, dia 27. O Tribunal do Juri inicia às 09h. Em frente ao Fórum de Concórdia, integrantes da “Associação Somos Todas Ingras”, de proteção às mulheres, fazem um protesto pedindo Justiça.

Fotos: Jean Ghidorsi
Fotos: Jean Ghidorsi

Elas estão no local com cartazes e relatam que a manifestação é pacífica. "Queremos defender as mulheres como a Ingra, que levou 23 facadas, e tantas outras que já foram agredidas. Algumas já não podem se manifestar, pois foram caladas pela morte. O objetivo é alertas as mulheres para que denunciem as agressões", relata a mãe de Ingra Ohana, que está no protesto.

Registro:

De acordo com manifestantes, o pai do homem que será julgado esteve em frente ao Fórum e tentou rasgar um dos cartazes. A Polícia Militar está no local e controlou a situação. Não houve agressão.


Fonte:

Rádio Aliança

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