2021 deverá ter inverno mais frio e chuva irregular, prevê Ronaldo Coutinho do Prado
Engenheiro Agrônomo também explicou sobre a estiagem histórica e falou do calor para o novo ano.
O ano de 2020 foi atípico não só pela pandemia causada pelo novo coronavírus, mas em Santa Catarina, e especialmente no Oeste, o ano foi marcado também por uma das mais intensas estiagens das últimas décadas, que gerou uma série de problemas e prejuízos imensuráveis. Agora, na troca de ano, mesmo sendo amenizada, a seca continuará com reflexos pelos próximos meses.
Esta é a informação do engenheiro agrônomo da emissora, Ronaldo Coutinho do Prado. Em entrevista à reportagem da Rural e 96, ele analisou o ano que acabou e destacou que 2021 ainda terá fases de estiagem, que somente deverá ser totalmente superada no início do próximo semestre. Neste período, haverá momentos de mais ou menos intensidade, mas a seca continuará.
“Nós não temos dados certos de como foi a estiagem de ponto a ponto, mas, pelo nível dos rios, com certeza há alumas décadas não se tinha um período de estiagem tão severa, que ainda não acabou. Então tem momentos com estiagem, como em fevereiro, março e abril, depois melhorou, e voltou a estiagem de novo em agosto, setembro e outubro. E voltou a ter chuva agora. A princípio [a estiagem] vai até o próximo inverno. Só deve acabar, de fato, na segunda parte do inverno”.
Dois fatores interligados são tidos como os responsáveis pela estiagem histórica que atingiu o estado fortemente em 2020, mas que teve início ainda em ano anteriores. O fenômeno La Niña associado aos oceanos tiveram ligação direta com a instabilidade de chuva no período, que são momentos de muita chuva intercalados com chuva totalmente escassa.
“São os oceanos, não tinha La Niña quando começou. Mas os oceanos, nos quatro cantos da terra, estão com as águas mais frias e quentes fora de época. E agora uma das principais forçantes é a La nina, que tá tendo o problema de manter a chuva irregular. La Niña é a chuva irregular. Vai ter período de excesso, depois seca, volta de novo. E os oceanos continuam de forma não muito favorável.”
Os modelos já indicam para os próximos dias chuva abaixo do normal, conforme Coutinho. O mesmo para fevereiro e março. O mês de janeiro, e o verão como um todo, será de temperaturas amenas. A previsão para estes primeiros meses do ano não apontam calor intenso ou ondas fora dos padrões típicos do período.
“Esse ano, até agora, não tivemos nenhuma onda de calor, e estamos no auge do verão. E nesse momento oque vamos ter é frio, a temperatura vai cair no decorrer desse começo de 2021 com temperaturas mais baixas que o normal, mas pode atrapalhar a soja, feijão, tomate, pimentão. Não tá indicando um janeiro com muito calor não. Se tiver uma onda de calor é muito, que são dias com temperatura cinco graus acima do normal.”
Na entrevista, Ronaldo Coutinho falou ainda sobre a chegada do inverno. A tendência é que ele comece um pouco mais cedo do que o normal, ou, pelo menos, na comparação com o ano anterior, e poderá ter mais ondas de frio intenso do que em 2020 e 2019.
“Mantendo esse quadro, o frio vai chegar mais cedo. A parte alta de Concórdia, quem tem lavoura, safrinha de milho, soja, se for local de baixada, tem que pensar bem, tem que plantar agora. A janela pro plantio tá fechando. A partir da segunda quinzena de abril algumas áreas do interior tem risco de geada, e maio pra frente uma geada mais significativa. O frio de inverno chega mais cedo. Tá sinalizando um inverno mais frio que o ano passado. Vai ter calor no meio, mas tem chances de ser mais frio que no ano passado”.